O câncer de pulmão, segundo as estimativas de 2023, é o terceiro mais comum em homens (18.020 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (14.540 casos novos) – excetuando o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres.
É um tipo de câncer que se origina nos tecidos pulmonares, geralmente nas células que revestem as vias aéreas. Existem dois tipos principais, o Carcinoma de células não pequenas (NSCLC) e Carcinoma de células pequenas (SCLC).
O Carcinoma de células não pequenas (NSCLC), representa cerca de 85% dos casos de câncer de pulmão e subdivide-se em três subtipos principais:
Adenocarcinoma: O tipo mais comum, geralmente encontrado em não fumantes.
Carcinoma de células escamosas: Frequentemente associado ao tabagismo.
Carcinoma de grandes células: Tipo menos comum, tende a crescer e se espalhar rapidamente.
O carcinoma de células pequenas (SCLC), também conhecido como câncer de pulmão de células pequenas, é menos comum, representando cerca de 15% dos casos. Cresce mais rapidamente e tem maior probabilidade de se espalhar rapidamente.
Os sintomas mais comuns são: Tosse persistente, dor no peito, falta de ar, perda de peso e apetite, rouquidão, cansaço e hemoptise (tosse com sangue).
Fatores de Risco
Tabagismo: Principal fator de risco, responsável por cerca de 85% dos casos diagnosticados. O risco aumenta com a quantidade e a duração do consumo de tabaco. Importante lembrar que os fumantes passivos também estão expostos aos riscos de exposição e consumo do tabaco.
Exposição ocupacional a agentes carcinogênicos: amianto, radônio, fumaça de diesel, fumaças em geral e alguns produtos químicos (está relacionada a 17-29% dos casos de câncer de pulmão)
Fatores Genéticos e história familiar de câncer de pulmão pode aumentar o risco de incidência dessa doença.
Outros Fatores: Poluição do ar, infecções pulmonares crônicas e doenças pulmonares pré – existentes (tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica), má nutrição, contribuem para o desenvolvimento do câncer de pulmão.
A prevenção do câncer de pulmão inclui medidas de prevenção primária e secundária. A prevenção primária visa prevenir a ocorrência inicial de uma doença através da redução do risco e da promoção de comportamentos saudáveis. Na saúde pública, estas medidas preventivas incluem a cessação do tabagismo, a promoção de ambientes livres de fumo, a implementação de políticas de controlo do tabaco, a abordagem dos riscos profissionais e a redução dos níveis de poluição atmosférica.
A prevenção secundária do câncer de pulmão envolve métodos de rastreamento que visam detectar a doença em seus estágios iniciais, antes que os sintomas se tornem aparentes e podem ser indicados para indivíduos de alto risco. Nesta população, a detecção precoce pode aumentar significativamente as chances de sucesso do tratamento e melhorar os resultados.
Além do que já foi citado, é importante ressaltar que a nutrição desempenha um papel crucial na prevenção e no tratamento do câncer de pulmão, além dos métodos tradicionais como quimioterapia, radioterapia e cirurgia.
Prevenção
• Evitar o tabagismo e a exposição ao fumo passivo é crucial para a prevenção.
• A prática de atividade física regular contribui para a prevenção.
• A redução da exposição ocupacional a agentes carcinogênicos é essencial.
• Ter uma alimentação balanceada pode reduzir os riscos de câncer de pulmão.
E como a alimentação pode ajudar na prevenção?
A literatura mostra que:
• Os nutrientes presentes em frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias que podem proteger contra o desenvolvimento do câncer de pulmão;
• Frutas e Vegetais: O consumo de frutas e vegetais, especialmente ricos em compostos bioativos como carotenoides, flavonoides e vitamina C, está associado a um menor risco de câncer de pulmão. Um aumento de 100 gramas no consumo diário de frutas e vegetais foi associado a uma redução de 5% no risco de câncer de pulmão;
• Grãos Integrais: O consumo de grãos integrais, ricos em fibras e outros nutrientes, pode reduzir o risco de câncer de pulmão. Substituir 50 gramas de grãos refinados por grãos integrais por dia foi associado a uma redução de 4% no risco de câncer de pulmão;
• Leguminosas: As leguminosas, como feijão, lentilha e ervilha, são ricas em proteínas, fibras e compostos bioativos que auxiliam na prevenção contra o câncer de pulmão. O consumo de leguminosas (feijão, lentilha, ervilha) pelo menos três vezes por semana foi associado a uma redução de 3% no risco de câncer de pulmão;
• Carnes Vermelhas e Processadas: As carnes vermelhas e processadas contêm compostos carcinogênicos que podem aumentar o risco da doença, de modo que devem ser consumidas com moderação. Um aumento no consumo de 50 gramas de carne vermelha ou processada por dia foi associado a um aumento de 9% no risco de câncer de pulmão;
• Bebidas Açucaradas: As bebidas açucaradas contribuem para a obesidade e o diabetes, fatores de risco para o câncer de pulmão. O consumo de duas ou mais bebidas açucaradas por dia foi associado a um aumento de 22% no risco de câncer de pulmão;
• Peixes: O consumo de peixes, especialmente peixes ricos em ômega-3, podem reduzir o risco de câncer de pulmão;
• Vitamina D: Níveis adequados de vitamina D estão associados a um menor risco de câncer de pulmão;
• Selênio: Níveis adequados de selênio, que é um mineral antioxidante, podem proteger contra o câncer de pulmão;
• Betacaroteno: Um aumento na ingestão diária de 1 mg de betacaroteno foi associado a uma redução de 5% no risco de câncer de pulmão;
• Licopeno: Um aumento na ingestão diária de 1 mg de licopeno foi associado a uma redução de 4% no risco de câncer de pulmão;
• Luteína: Um aumento na ingestão diária de 1 mg de luteína foi associado a uma redução de 3% no risco de câncer de pulmão.
• Microbiota Intestinal: A microbiota intestinal, composta por bactérias benéficas e prejudiciais, pode ser modulada pela dieta e influenciar o risco de câncer de pulmão.
Papel do Nutricionista no Tratamento do Câncer de Pulmão
• Desnutrição: A desnutrição é comum em pacientes com câncer de pulmão e pode prejudicar o tratamento e a qualidade de vida. A terapia nutricional pode ser implementada e visa garantir a ingestão adequada de nutrientes, melhorar o estado nutricional e fortalecer o sistema imune.
• Efeitos Colaterais do Tratamento: O tratamento do câncer de pulmão pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarréia e perda de apetite. A nutrição enteral ou parenteral pode ser necessária para fornecer suporte nutricional adequado.
• Modulação da Resposta Imunológica: A nutrição pode modular a resposta imune e potencializar o efeito dos tratamentos contra o câncer.
• Cuidados Paliativos: A nutrição é fundamental na fase paliativa do câncer de pulmão, proporcionando conforto, controle de sintomas e melhor qualidade de vida para os pacientes.
A nutrição é um componente essencial na prevenção e no tratamento do câncer de pulmão. Uma dieta rica em nutrientes específicos, aliada à suplementação quando necessário e ao acompanhamento profissional, pode contribuir significativamente para a saúde e o bem-estar dos pacientes. Procure um nutricionista oncológico para te ajudar nesse processo.
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